ATA DA DÉCIMA TERCEIRA SESSÃO SOLENE DA QUARTA SESSÃO LEGISLATIVA
ORDINÁRIA DA DÉCIMA PRIMEIRA LEGISLATURA, EM 25.06.1996.
Aos vinte e cinco dias do mês de junho do ano de mil novecentos e noventa e seis reuniu-se, no Plenário Otávio Rocha do Palácio Aloísio Filho, a Câmara Municipal de Porto Alegre. Às quatorze horas e vinte e quatro minutos constatada a existência de “quorum”, o Senhor Presidente declarou abertos os trabalhos da presente Sessão destinada a homenagear os “cinqüenta anos” de criação do Serviço Social da Indústria – SESI, nos termos do Requerimento nº 73/96 (Processo nº 1024/96) de autoria da Vera. Clênia Maranhão. Compuseram a MESA: o Ver. Isaac Ainhorn, Presidente desta Casa, o Senhor Francisco Renan Proença, Diretor Regional do SESI, o Senhor Mathias Nagelstein, Presidente do Tribunal Militar do Estado, o Senhor Onélio Luiz Santos, representante do Senhor Prefeito Municipal de Porto Alegre, o Senhor Saul Zubaran de Souza, Diretor da Federação das Indústrias do Estado Rio Grande do Sul – FIERGS, o Coronel Irani Siqueira, representante do Comando Militar do Sul e o Major Francisco Carlos Freitaz, representante do Comando Geral da Brigada Militar. Em prosseguimento, o Senhor Presidente convidou a todos para, em pé, assistirem à execução do Hino Nacional. Logo após, o Senhor Presidente registrou a importância desta homenagem a uma instituição que, sobretudo, prepara pessoas e mão de obra qualificada para atuarem em nosso mercado de trabalho. Em continuidade, o Senhor Presidente concedeu a palavra aos Vereadores que falariam em nome da Casa. A Vera. Clênia Maranhão, em nome das Bancadas do PMDB, PC do B e PPS, discorreu a respeito do surgimento do SESI, no período pós-guerra, por iniciativa de empresários que consideravam fundamental o atendimento das necessidades básicas dos trabalhadores por parte da classe empresarial. O Ver. Artur Zanella, em nome da Bancada do PDT, falou a respeito das obras e benefícios aos trabalhadores, dos serviços prestados pelo SESI durante os seus cinqüenta anos de existência. O Ver. Reginaldo Pujol, em nome das Bancadas do PFL e PPB, disse do reconhecimento da comunidade porto-alegrense aos diversos serviços prestados pelo SESI, notadamente à Secção do Rio Grande do Sul que é hoje considerada como modelo de eficiência. O Ver. Jocelin Azambuja, em nome da Bancada do PTB, salientou que o SESI, desde a sua fundação, tem contribuído buscando, dentro dos programas de assistência aos trabalhadores, melhorar a qualidade de mão de obra proporcionando condições dignas de trabalho. Em prosseguimento, o Senhor Presidente registrou a presença, como Extensão de Mesa, do Senhor Sílvio Silva Andreotti, Superintendente Regional do SESI, do Senhor Richard Goldberg, Diretor Geral do Serviço Nacional do Comércio – SENAC, do Professor Heitor da Rosa, representante da Secretária de Educação do Estado, do Senhor Gerard Tysen, da Senhora Vera Pereira da Silva, 2ª Vice-Presidente do Conselho do Clube das Mães de Porto Alegre, do Senhor Carlos Inique, Gerente do Banco do Brasil da Agência Centro, da Senhora Maria Helena Magalhães, representante da Fundação Maurício Sirotsky Sobrinho, da Senhora Maria Amália Martini, representante da Federação das Mulheres Gaúchas, do ex-Deputado Walmir Antonio Sisin, representando o Sindi-Madeira de Caxias do Sul e do Senhor José Luiz Mallmann, representante do Instituto Herval da FIERGS, fazendo a entrega, logo após, de um livro da nossa Cidade, como lembrança desta Casa ao Senhor Francisco Proença e concedendo a palavra ao mesmo. Em prosseguimento, o Senhor Francisco Proença agradeceu aos Senhores Vereadores desta Casa pela presente homenagem salientando a importância do SESI e de outras entidades desta natureza para o desenvolvimento de nosso País. Às quinze horas e dezesseis minutos nada mais havendo a tratar o Senhor Presidente agradeceu à presença de todos e declarou encerrados os trabalhos, convocando os Senhores Vereadores para a Sessão Solene que se realizará logo após, às dezessete horas. Os trabalhos foram presididos pelo Ver. Isaac Ainhorn e secretariados pela Vera. Clênia Maranhão como secretária “ad hoc”. Do que eu, Clênia Maranhão, secretária “ad hoc”, determinei fosse lavrada a presente Ata que, após distribuída em avulsos e aprovada, será assinada pelos Senhores Presidente e 1º Secretário.
O SR. PRESIDENTE (Isaac Ainhorn): Damos por abertos os trabalhos da 13ª Sessão Solene para homenagear o Serviço Social da Indústria – SESI pela passagem dos seus 50 anos de criação, por iniciativa da Vera. Clênia Maranhão.
Convidamos para fazer parte da Mesa: o Sr. Francisco Renan Proença, Diretor Regional do SESI; o Sr. Mathias Nagelstein, Presidente do Tribunal Militar do Estado; o Sr. Onélio Luiz Santos, representante do Sr. Prefeito Municipal de Porto Alegre; o Sr. Saul Zubaran de Souza, Diretor da Federação das Indústrias do Estado do Rio Grande do Sul – FIERGS; o Coronel Irani Siqueira, representante do Comando Militar do Sul; e o Major Francisco Carlos Freitaz, representante do Comando Geral da Brigada Militar.
Convidamos a todos para, em pé, ouvirmos a execução do Hino Nacional.
(É executado o Hino Nacional.)
Esta Casa, com orgulho e satisfação, realiza, no dia de hoje, a
presente Sessão Solene que se destina a prestar homenagem pela passagem dos 50
anos de criação do Serviço Social da Indústria, por iniciativa da Vera. Clênia
Maranhão.
Queremos deixar registrada, em nome da Mesa Diretora, a satisfação com
que realizamos, na Câmara Municipal de Porto Alegre, esta justa homenagem e
reconhecimento a uma Instituição que, nesses 50 anos, colaborou decisivamente com
a construção de um preparo de mão-de-obra de potencial altamente qualificado
para responder às exigências do nosso desenvolvimento.
Por isso, é da maior importância este registro e esta Sessão, na crença
firme de que, há compatibilização de uma ação integrada e conjunta do poder
público e da iniciativa privada, é possível se construir um País em que o tão
almejado sonho da justiça social se torne, efetivamente, uma realidade. Esta
instituição serviu de paradigma para, em outras áreas, a criação de serviços
semelhantes como o SENAR e o CETESENAR.
Nós temos, portanto, uma enorme satisfação, porque acreditamos que,
através de mecanismos como estes, estamos construindo o Brasil do presente,
preparando, sobretudo, pessoas com mão-de-obra qualificada, servindo de
referencial e paradigma. Quando falamos, muitas vezes, na extinção desses
serviços, a preocupação nossa se torna muito grande. Esta Casa, os Senhores têm
conhecimento, tem tido uma posição firme, vigorosa e decisiva em relação à
manutenção dessas instituições.
Senhores representantes do SESI, recebam, em nome da Mesa Diretora, os
mais calorosos cumprimentos por ocasião desse jubileu.
A Vera. Clênia Maranhão falará como proponente e em nome do PMDB, PC do B e PPS.
A SRA. CLÊNIA MARANHÃO: Sr. Presidente, Srs.
Vereadores. (Saúda os componentes da Mesa.) (Lê.) “É com imensa satisfação que
hoje homenageamos o Serviço Social da Indústria, pela passagem de seus 50 anos,
ao longo dos quais vem oportunizando, especialmente aos trabalhadores da
indústria e suas famílias, o acesso a programas de assistência de vital
importância para a melhoria de sua qualidade de vida.
Diante do quadro econômico e social do País no período pós-guerra,
setores progressistas do empresariado nacional, a partir da compreensão de que
o atendimento das necessidades básicas do trabalhador era responsabilidade
também da empresa, lançavam, ainda em 1945, as bases para a criação do SESI.
Fiel aos princípios que lhe deram origem, o SESI, através de seus
Departamentos Regionais, expandiu suas ações adequando-as aos vários contextos
sociais do País.
O Departamento Regional do Rio Grande do Sul, atuando de forma
descentralizada, desenvolve sua política de bem-estar social através de oito
programas.
A política desenvolvida pelo SESI, através de tais programas, bem
demonstra seu engajamento na luta pela redução dos problemas sociais do País,
participando, ativa e objetivamente, em áreas essenciais onde o Governo, por
razões que não cabem discutir neste momento, não consegue prestar ou assegurar
o atendimento às necessidades básicas da população.
Denota, outrossim, a visão atual da gestão empresarial, a partir da
qual o bom desempenho da empresa está aliado à melhoria da qualidade de vida do
trabalhador.
Tem-se, assim, o entendimento do trabalhador cidadão, sujeito de
direitos e obrigações cuja responsabilidade em relação à empresa é diretamente
proporcional à responsabilidade da empresa em relação às suas necessidades e de
sua família.
É claro que diante da política econômica em vigor em nosso País, com
índices crescentes de desemprego e de miséria, um longo caminho ainda terá de
ser percorrido para se alcançar a tão almejada justiça social.
Por outro lado, é sabido que o Governo sozinho não resolverá os graves
problemas sociais que tanto nos afligem.
São entidades como o SESI, com propostas concretas e ações efetivas na
área social, o caminho na busca de soluções.
Pelo muito que o SESI proporciona, não só aos trabalhadores da
indústria, mas também aos de empresa de comunicação, pesca e construção civil,
diretamente, ou através de convênios em relação a trabalhadores de outras
áreas, é que estamos hoje aqui reunidos para prestar-lhe nossa homenagem.
Hoje sabemos que a ação do SESI, atendendo homens, mulheres e crianças,
se expande na comunidade, construindo ações integradas na área social,
facilitando o acesso à conquista da cidadania plena aos cidadãos deste País.
Parabéns pelos 50 anos de trabalho, desenvolvendo e executando
políticas que contribuem para a eliminação das disparidades sociais, propiciadoras
do desenvolvimento local e nacional”. Muito obrigada.
(Não revisto pelo oradora.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Artur Zanella está
com a palavra pelo PDT.
O SR. ARTUR ZANELLA: (Saúda os convidados.) Eu
estava pensando e conversando junto com o Ver. Milton Zuanazzi, há poucos
momentos, sobre a situação em que vivemos no País. Na verdade, a nossa vida é
uma guerra contínua. Eu e o Zuanazzi lutamos bravamente para ver quem iria
falar aqui. O Milton Zuanazzi foi autor nesta Casa pela manutenção do SESI, nessas
reformas constitucionais, que, às vezes, são reformas, às vezes, não são. Mas,
felizmente, terminou que eu fosse o orador, representante do PDT, seguramente
não pelo brilhantismo, mas pela idade e pelo tempo que tenho de Câmara – um
mandato ou dois a mais do que o Zuanazzi. Eu fui um dos que trouxeram a esta
Casa a discussão do sistema de atendimento ao trabalhador, que muitos chamam de
“sistema S” – SESI, SESC, SENAI e etc. Leio muito, leio inclusive jornalistas
desconhecidos e tenho lido muito sobre isso. Esses dias, li um analista que
afirmava ser fácil conseguir recursos para determinado programa: “É só recolher
o que o Governo gasta com o SESC, com o SESI, com o SEBRAE, recolher o que o
Governo está perdendo – porque ainda não aprovaram a contribuição sobre os
cheques – e com essas verbas daria para pagar determinada coisa”. Muitas
pessoas pensam isto, que o dinheiro do SESI e dessas entidades vem do Governo.
Mas não; ele vem do povo e ao povo é revertido.
Então, neste dia, além de comemorar os 50 anos do SESI, nesta
iniciativa sempre bem-vinda da Vera. Clênia Maranhão, levantamos algumas
questões a esse respeito. Estamos criando algumas figuras extremamente
estranhas na política brasileira, onde aquelas entidades que funcionam terminam
sendo penalizadas por aquelas que nada fazem.
Sempre que tenho oportunidade de falar em Sessões Solenes, quando
recebemos pessoas que poucas vezes vêm aqui, lembro de que esta Casa – a Câmara
Municipal de Vereadores de Porto Alegre – tem uma legitimidade incomum para homenagear
e discutir entidades. Temos mais de 223 anos de existência. Sempre digo que a
Revolução Francesa estava se iniciando como a revolta contra o Absolutismo, e a
Câmara de Vereadores de Porto Alegre já existia. Os Estados Unidos da América
do Norte ainda eram uma colônia inglesa e a Câmara de Porto Alegre já existia.
Tiradentes andava exercendo o seu ofício de dentista, e a Câmara Municipal de
Vereadores já existia. Então, para nós, 50 anos é pouco ou é muito; é pouco em
relação aos nossos 200 e tantos anos, mas é muito longa a trajetória de um
órgão que tem sucesso no atendimento à população, no atendimento aos operários,
numa fase tão trágica e triste como a que estamos vivendo neste momento.
Agradeço, de modo especial, ao Dr. Renan Proença que, segundo informações,
deixa o SESI dentro de poucos dias. Sua Excelência dignificou esse cargo, dando
uma dimensão especial ao relacionamento com a sociedade, dignificou este
Estado, esta Entidade e também, a Cidade de Quaraí, que tem pessoas médias como
eu e o Ver. Reginaldo Pujol, mas pessoas brilhantes como o Dr. Renan Proença.
E, finalmente, quero dizer que, depois de falar da Revolução Francesa, na
antigüidade desta Casa, naquilo tudo que o SESI fez e fará, temos a obrigação
de defendê-lo de todas as formas. Quero também dizer claramente que o nosso
povo da Restinga, com quem os Vereadores têm tantas ligações, têm lá
atendimento dentário, sacola econômica, farmácia para aquelas pessoas que tanto
necessitam, e as coisas imensas que o SESI pode fazer são as somas das coisas
talvez pequenas, que lá na Vila Restinga estamos recebendo com tanto carinho,
com tanto amor, com tanta dedicação dos dirigentes do Serviço Social da
Indústria, o nosso SESI. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Com a palavra o Ver.
Reginaldo Pujol, que falará pelas Bancadas do PFL e PPB.
O SR. REGINALDO PUJOL: (Saúda os componentes da
Mesa.) Srs. empresários, Srs. Vereadores, minhas Senhoras e meus Senhores, por
volta das 13h30min, encontrávamo-nos, juntamente com os integrantes da Mesa e
Lideranças da Casa, reunidos no restaurante desta Câmara Municipal numa
confraternização com os integrantes das Mesas Diretoras dos Legislativos de
todos os municípios da região metropolitana de Porto Alegre. Na oportunidade,
uma tensão muscular provocou, inclusive, uma manifestação do excelentíssimo Sr.
Presidente da Casa, que era a primeira manifestação da idade avançada. As dores
momentâneas não foram suficientemente fortes para que eu não tivesse o
privilégio de participar dessa reunião, onde se faz uma homenagem muito
merecida. Eu quero cumprimentar a Vera. Clênia Maranhão, pela sua feliz
iniciativa de, atenta às coisas que acontecem na sociedade brasileira, gaúcha e
porto-alegrense, ter feito o registro histórico do SESI, na forma de convocação
desta Sessão Solene que, por todas as razões e méritos, se justifica. Eu não
poderia estar alheio a uma manifestação da Casa do Povo de Porto Alegre, por
razões que terminam onde o Ver. Zanella concluiu, no reconhecimento de que o
SESI, por seus dirigentes, tem tido tamanha sensibilidade, que não lhe passou
despercebida a existência de um conjunto populacional de grande expressão
dentro da comunidade de Porto Alegre e que enfrentava algumas carências que a
presença do SESI auxilia sobremaneira a debelar. Começa muito antes. Eu teria
que retornar no tempo para encontrar o SESI na minha adolescência, quando
procurava os seus serviços odontológicos ao lado da Igreja São João, com o Dr.
Lino, aquele chefe-escoteiro que acumulava também as funções de dirigente do
gabinete odontológico. Não ficaria por aí; relembraria, inclusive, situações
belíssimas, como aquela decisão que a comunidade da Vila Farrapos sabiamente
tomou, de entregar aquela área destinada ao lazer para que o SESI ali
construísse aquele complexo esportivo maravilhoso. E eu continuaria, por tantas
outras manifestações concretas da atuação do SESI. Mas uma razão muito
especial, que até se sobrepõe a tudo isso que estamos a registrar, faria com
que eu não pudesse estar ausente no dia de hoje. Ao homenagear o SESI, nesse
seu atual estágio de desenvolvimento, especialmente a Secção do Rio Grande do
Sul, que é modelar perante o Brasil todo, ao homenagear o SESI gaúcho, com toda
a certeza, como bem disse o meu conterrâneo Artur Zanella, nós temos que fazer
um registro especial à atuação do seu atual Presidente do Rio Grande do Sul, o
meu querido amigo Francisco Proença. Isso me deixa de maneira gratificado,
porque penso que alguma coisa de bom, das muitas coisas boas que o Renan tem
feito pela sociedade gaúcha, deve ter sido pensada lá pelo “arranca toco”, pelo
“saladeiro”, lá naqueles pontos ermos da nossa Quaraí, onde na nossa meninice
sonhamos com um Brasil melhor e estamos fazendo força para fazer bem melhor do
que aquele que nós encontramos.
Eu sei, Renan, que em todas as tuas atitudes tu és o próprio MERCOSUL,
e, como eu, aprendeste, naquela convivência diuturna com os nossos irmãos
uruguaios, que a fraternidade é possível de ser encontrada e deve ser
perseguida com pertinácia e obstinação. Deves injetar no teu trabalho no SESI
muito daquilo que nós pudemos sonhar, eu o teu irmão, os nossos amigos comuns,
enfim, aqueles companheiros da infância que já se vai longe e que nos deixa
saudosos.
Por isso, meus Senhores e minhas Senhoras, me perdoem esse devaneio
saudosista de quem, evidentemente, como afirma o Presidente, já começa a ter
problemas musculares calcados pelo tempo, mas que ao longo do tempo, caminhou
e, com muita alegria e com muita felicidade, vê que algum dos seus companheiros
jovens, com muita justiça, se destaca no cotidiano da Cidade de Porto Alegre e
se faz credor e merecedor de homenagens como esta, que hoje nos propicia a
Vera. Clênia Maranhão ao fazer essa homenagem ao SESI, o que nos permite a mim
e ao Zanella, bairristas de Quaraí, confundi-la com a homenagem ao próprio
Renan.
Ao concluir, gostaria de acentuar uma colocação que eu entendo seja um
dever social e político que um liberal tem que fazer nessa hora. Nós que
professamos a causa liberal, temos sustentado em todas as ocasiões que isso é
possível, que o liberal é, sobretudo, uma pessoa antidogmática. Nós não
podemos, desfazendo alguns mitos que a história superou, criar outras formas de
dogmatismo que possam nos causar motivos de arrependimentos futuros. No modelo
brasileiro, que se pretende ver revisto, tem algumas experiências que o tempo
consolidou e que a eficiência transforma em imutáveis. Entre elas – eu quero
proclamar publicamente como liberal -, inclui-se, de forma especial, o Serviço
Social da Indústria, exemplo de eficiência, que deve permanecer servindo ao
trabalhador brasileiro. Muito obrigado. (Palmas.)
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: O Ver. Jocelin Azambuja
está com a palavra pelo PTB.
O SR. JOCELIN AZAMBUJA: (Saúda os componentes da
Mesa e demais presentes.) Nós temos que fazer, neste momento, uma reflexão
fundamental. O SESI tem a idade do Partido Trabalhista Brasileiro. Não é por
acaso que o SESI nasceu. É fruto de um período histórico da vida brasileira em
que os industriais da época, motivados pelo grande movimento trabalhista que
vivenciava a nação brasileira, de desenvolvimento, perpetrado dentro da
doutrina trabalhista, que recebia da Inglaterra e dos países europeus essa
mobilização, essa relação de equilíbrio entre o capital e o trabalho,
somaram-se nesse processo de desenvolvimento, de nova visão que o povo
trabalhador mereceria ter, por parte das oligarquias que dominavam este País, e
se passou, então, fruto dessa nova doutrina, a ter uma visão mais equilibrada
entre o lucro e o trabalho, o capital e o trabalho. De trabalhar todos nós
precisamos, de produzir todos nós precisamos, mas é fundamental o respeito ao
povo trabalhador para o desenvolvimento.
A visão que o Partido Trabalhista Brasileiro – o PTB – deu, naquele
momento, à vida do País, se espraia até os dias de hoje. Não é por nada que nós
estamos hoje, aqui, comemorando os 50 anos do Serviço Social da Indústria, esse
serviço tão importante e tão necessário para essa nova visão que o mundo
empresarial tem que ter, e tem, em relação àquele que trabalha, àquele que
produz. É importante que tenhamos essa clara visão, para que saibamos entender
o novo momento em que vivem a classe empresarial brasileira e o homem
brasileiro. Via, outro dia, manifestações erradas da CUT – Central Única dos
Trabalhadores -, que tem a visão estreita de que sindicalismo se faz sem
assistencialismo. Ora, temos que ter a dimensão exata do País em que vivemos.
Por exemplo: estamos vivenciando um processo eleitoral no CPERS/Sindicato, um
dos maiores sindicatos do nosso Estado e do País, que tem uma visão petista,
concentrada pela Central Única dos Trabalhadores, de que o Sindicato não pode
fazer nada por seus professores. É preferível repassar um milhão de dólares de
contribuição à CUT a dar, por exemplo, um gabinete dentário para recuperar,
pelo menos, um pouco da dignidade dos professores, o que seria o mínimo – os
seus próprios dentes. Se formos ver, hoje, nas escolas, lamentavelmente, grande
parte dos professores estão desdentados, para desgraça de todos nós. Imaginem o
que é colocar um filho numa escola com o professor nessas condições. Essa é uma
visão de sindicalismo diferente, que deve ser repensada por todos nós. É
importante e necessário que possamos entender todos esses aspectos, e o
empresário também precisa ter o funcionário com a sua dignidade preservada, com
as mínimas condições de trabalho. Se não for assim, a sua empresa desmorona,
não avança. É fundamental que sejam resgatadas condições básicas para o
desenvolvimento desse trabalhador de uma forma geral. Dentro dessas visões que
temos que ter, o SESI tem contribuído, sobremaneira, com a sua função,
buscando, dentro dos programas de assistência a todos os trabalhadores da área
da indústria, dar condições que melhorem justamente a sua vida, que lhes
proporcionem mais dignidade, que lhes dêem condições de avançar.
Há pouco uma amiga viajou para o Nordeste, e eu perguntei o que mais
lhe chamou a atenção lá, e ela respondeu: “foi o pessoal desdentado”. As
pessoas desdentadas, no momento em que perdem os dois dentes da frente já não
levantam mais a cabeça para falar com as pessoas, já falam de cabeça baixa, com
a mão na boca e assim por diante. Essa foi uma forma de dominação que se fez
neste País, que lamentavelmente tem que ser modificada, reanalisada. Tudo isso
fez parte de um processo. Os empresários, hoje, são conscientes da
responsabilidade social que têm com o País, são conscientes de que o
crescimento tem que ocorrer com todos, para que as desigualdades sejam cada vez
mais diminuídas. Assim, este País, que tanto falamos, mas que, na verdade,
pouco temos feito por ele, é o grande de amanhã. Com aquele futuro que todos
nós idealizamos, para todos os nossos filhos, brasileiros de qualquer
ideologia, de qualquer crença, raça. Isso é fundamental. Tenho certeza de que o
SESI tem procurado contribuir de forma positiva nestes 50 anos.
Por isso, Dr. Proença, receba, em nome da Instituição, o abraço do
Partido Trabalhista Brasileiro, o abraço da nossa Bancada. Temos certeza de que
todo o empresariado do Rio Grande do Sul está caminhando, hoje, na busca de um
novo Rio Grande, um novo Brasil sem desigualdades, que faça com que se produza,
se construa uma sociedade justa, digna, para todos. Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Registramos as presenças,
como extensão da Mesa: do Sr. Sílvio Silva Andreotti, Superintendente Regional
do SESI; do Sr. Richard Goldberg, Diretor-Geral do Serviço Nacional do Comércio
– SENAC; do Professor Heitor da Rosa, representante da Secretaria de Educação
do Estado; do Sr. Gerhard Joseth Theisen, Diretor da FIERGS; da Sra. Vera
Pereira da Silva, 2ª Vice-Presidente do Conselho do Clube das Mães de Porto
Alegre; do Sr. Carlos Inique, Gerente do Banco do Brasil – agência Centro; da
Sra. Maria Helena Magalhães, representante da Fundação Maurício Sirotsky
Sobrinho; da Sra. Maria Amália Martíni, representante da Federação das Mulheres
Gaúchas; do ex-Deputado Walmir Antonio Sisin, representando o SINDIMADEIRA de
Caxias do Sul; e do Sr. José Luiz Mallmann, representante do Instituto Herval
da FIERGS.
Também saudamos a presença dos demais diretores, conselheiros,
coordenadores e gerentes técnicos do SESI.
Entregamos ao Sr. Francisco Renan Proença um livro da nossa Cidade como
lembrança desta Casa no jubileu do SESI.
(É feita a entrega do livro.) (Palmas.)
O Sr. Francisco Renan Proença está com a palavra.
O SR. FRANCISCO RENAN
PROENÇA:
(Saúda os componentes da Mesa.) Agradeço à Vera. Clênia Maranhão pela lembrança
desta homenagem.
Normalmente, sou uma pessoa disciplinada, porque, sempre que começo a
escrever alguma coisa, é para ler depois, principalmente em ocasiões como esta,
mas, ouvindo a vocação inata dos representantes da região da fronteira, onde
tivemos a nossa origem, como o Ver. Reginaldo Pujol, como o Ver. Artur Zanella,
e também assistindo à exposição muito honesta, do fundo do coração, de todos os
que se manifestaram sobre o SESI, não vou ler alguma coisa até porque, aí, eu
perco a autenticidade, embora sejam coisas que eu tenho, de alguma maneira, coletado.
Também, independente de ser carreirista, de algum dia chegar aqui, quero me
manifestar da maneira mais simplista. Presidente Ainhorn. Hoje, quando o SESI
está sendo homenageado, faz, exatamente, seis anos que recebi o título de
Cidadão de Porto Alegre. Olhem bem o destino: faz seis anos que recebi o título
de Porto Alegre! Recordo que, naquela oportunidade, o Vereador era o Cyro
Martini e foi num outro local aqui da Câmara, e logo em seguida eu também
deixava o SESI. Entrei no SESI em 1983 a convite do Luiz Otávio Vieira, depois
o Mandelli assumiu. Passou algum tempo, foi reeleito, mas eu já tive diversas
despedidas no SESI; terminava a gestão e no final da história havia determinada
situação e eu ia ficando; fiquei sete anos. Depois, fiquei cinco anos fora, o
SESI sofreu uma transformação bastante grande, positiva, e volto o ano passado,
como cargo de confiança do Presidente Godoy, a dirigir essa Instituição. Por
que fiz essa história? Porque a gente só fica num lugar e volta a esse lugar
quando gosta, ou quando gosta dessa entidade e, sem dúvida nenhuma, porque
carrega no seu interior aquilo tão bonito que o Ver. Reginaldo Pujol falou.
Carrego dentro de mim, Ver. Reginaldo e Ver. Zanella – que me conhecem há mais
tempo – aquela vocação humanística que meus pais me deram e só Deus vai-me
tirar. Numa família de quatro filhos homens todos foram para vocações
humanísticas; todos eles foram de alguma maneira, sem serem forçados por um pai
que tinha idéias esquerdistas, que foi perseguido, tanto meu pai como minha
mãe, e nós quando estudantes. Tudo isso deixou-nos marcas maravilhosas no
sentido de olharmos o coletivo. Não estava no meu programa fazer alguma alusão
a isso, mas fui provocado de uma maneira maravilhosa pelo Reginaldo, o que me
permite falar do coração.
O SESI é uma entidade – e fugindo um pouco dessa coisa pessoal -, mas
acho que todos nós encarnamos de alguma forma na personalidade da entidade, e,
se não fizéssemos assim, acho que não deveríamos estar na entidade. Foi dito
aqui, com muita propriedade pelo Ver. Jocelin e pelo próprio Zanella, dos
absurdos que estão acontecendo com as coisas que funcionam no País. Estamos
frente a uma campanha eleitoral, questionando o desemprego, a situação difícil
das empresas, o próprio SESI, onde há 70 mil menos pessoas de alguma maneira
contribuindo pelo SESI, porque a contribuição do SESI vem de 1 e meio por cento
da folha de pagamento. O Rio Grande do Sul tem hoje, em nível industrial,
aproximadamente um número de 70 mil empregos a menos. Eu muito mais me preocupo
com o que essas pessoas estão fazendo no sentido de um país que tem tudo para
fazer. Quando se fala que o desemprego é um problema mundial e que aqui no
Brasil temos que nos conformar porque é um problema mundial, eu não concordo.
Não concordo, porque esses países que estão com o nível de desemprego
altíssimo, como a França, a Inglaterra e a Itália, são países onde as coisas
estão prontas, onde não se tem mais o que fazer, onde o mais difícil é se
manter no lugar onde estão, porque mais não podem ir. Só podem ficar naquela
posição.
Agora, neste País, que tem um comportamento modestíssimo com relação
aos números internacionais, que tem essa potencialidade que vimos tentando
através dos anos, vivemos como filhos, esperando que tivéssemos, vivemos como
pais, esperando que elas acontecessem, e daqui a alguns dias seremos avós, e
elas não se clarearam ou foram encaminhadas no sentido de um resultado o mais
breve possível. O País não pode esperar o amanhã. Temos que buscar esse
anteontem, esse atraso que temos tido nessa potencialidade extraordinária e
nessa ansiedade que vemos nos rostos de praticamente todo o mundo. Que o País é
viável, não tem dúvida, mas não podemos é curtir de uma maneira negativa essa
dissociação das necessidades que temos, que é aquilo que realmente podemos
oferecer. Tem grandes problemas o Brasil, mas precisam grandes soluções, e têm
soluções. Considero que o Serviço Nacional da Indústria é uma entidade,
Vereadora, que pode ajudar muito mais do que ajuda hoje. E ajudar no sentido da
parceria e não do paternalismo. O SESI tem muitos programas que são combatidos.
Afirmam que o SESI é sustentado por recursos públicos. Isso é uma
desinformação; é uma maldade. Esses recursos vêm das empresas. É custo Brasil?
Custo Brasil é aquilo que se paga e não funciona. Verba aplicada em programas
que funcionam não é custo Brasil; é benefício Brasil. É um enfoque
completamente distorcido da realidade. Sinto-me muito bem ao falar isso, porque
V. Exas. estão a par do que uma entidade como o Serviço Nacional da Indústria e
os outros “S” têm feito em benefício da sociedade brasileira.
Em junho de 1990, emocionado com o Título de Cidadão Porto-Alegrense –
que era uma grande inveja que eu tinha do meu irmão, Miguel Proença, que também
é Cidadão Porto-Alegrense por indicação do Ver. Reginaldo Pujol -, fugi daquilo
que havia escrito. Terminei meu pronunciamento dizendo: “Porto Alegre, eu te
amo”! Hoje não posso deixar de dizer: o SESI ama Porto Alegre! Muito obrigado.
(Não revisto pelo orador.)
O SR. PRESIDENTE: Antes de encerrarmos esta
Sessão, queremos agradecer a presença de todos os Senhores, aqui, por ocasião
desta Sessão Solene em homenagem ao Jubileu de Ouro do SESI. Acredito que as
manifestações formuladas pelos Vereadores das mais diversas Bancadas com assento
nesta Casa e a manifestação do representante da homenageada deixam uma marca
muito firme nos Anais e na história de Porto Alegre.
Depois, teremos a oportunidade, Sr. Diretor, de encaminhar a V. Sa. as notas taquigráficas desta Sessão, para que venham a compor o acervo de documentos do SESI.
Portanto, registramos nosso agradecimento todo especial aos Senhores
que aqui estiveram, aos funcionários dessa Instituição e à bancada quaraiense,
que é altamente representativa.
Estão encerrados os trabalhos.
(Encerra-se a Sessão às 15h16min.)
* * * * *